O reflexo do mercado de trabalho no consumo brasileiro 

O reflexo do mercado de trabalho no consumo brasileiro 

O dia primeiro de maio é uma data internacional dedicada ao trabalhador. O surgimento desta data comemorativa vincula-se aos movimentos trabalhistas que aconteciam na cidade de Chicago nos EUA, no final do século XIX.  

As condições precárias impostas aos trabalhadores, tais como jornadas de 12 horas diárias, sem nenhuma folga, além de baixos salários e condições insalubres e inseguras, levaram a uma mobilização que aconteceu no dia primeiro de maio de 1886. Esta data só passaria a se tornar feriado quando a França, em 1919, ratificou em lei a jornada de oito horas diárias de trabalho.  

No Brasil o feriado neste dia só começa a partir de 1924 no governo do então Presidente da República, Artur Bernardes.  

A partir de 1940, sob o governo de Getúlio Vargas, a data ganha impulso tendo em vista o projeto político do governante que passa a utilizar o 1º de Maio para divulgar obras voltadas às classes trabalhadoras, destacando-se dentre elas, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, o salário-mínimo e as férias remuneradas. 

O trabalho e o consumo 

O mercado de trabalho pode ser avaliado segundo diversas variáveis, sendo que as principais são: a taxa de desemprego ou desocupação, a renda média do trabalhador e a massa salarial. 

O Brasil apresenta grandes variações no que diz respeito às taxas de desemprego e que chegaram a um patamar preocupante no período da Pandemia da Covid-19, em especial entre a segunda metade de 2020 e a primeira metade de 2021, atingindo patamares na casa de 15%. No final de 2022 e início de 2023 este índice retornou para a faixa abaixo de 10%, situando-se ao redor de 8,0%. 

Taxa de desocupação

Outro indicador bastante importante e que impacta diretamente o desempenho do consumo no país é a renda do trabalhador. O IBGE mensura esta renda média através da PNAD Contínua Mensal e o que se pode perceber é que, ao longo dos últimos 8 anos, a renda média variou muito pouco, permanecendo quase que estagnada entre o início de 2015 e o final de 2020.  

Ao longo do segundo semestre de 2022 houve um ligeiro crescimento. No trimestre de Nov-Dez-Jan de 2015 a renda média era de R$ 2.460,00 e no mesmo período de 2023 o valor foi de R$ 3.201,00, ou seja, um crescimento de cerca de 30% para uma inflação de mais de 60% no período. Estes valores apontam para a perda de poder aquisitivo da população. 

Rendimento médio real de todos os trabalhos

Um indicador que também é bastante importante para o consumo e que decorre da renda média e do número de pessoas empregadas é a Massa Salarial, que em outras palavras é o montante de recursos disponíveis aos trabalhadores em determinado período. 

Observando-se o Gráfico 3 é possível perceber que não aconteceram grandes mudanças no valor da Massa Salarial entre os anos de 2018 e 2020, e apenas em 2021 a curva começa a crescer tendendo a uma estabilização a partir do final de 2022. 

Massa de rendimento real de todos trabalho

 

Um país de pequenas empresas 

No Brasil, o Universo de negócios é formado fundamentalmente por empresas de micro ou pequeno porte. Do total de 20,84 milhões de empresas ativas no país em março de 2023, 57,8% são formadas pelas chamadas MEI – Microempresas Individuais – modalidade que surgiu em 2008 e buscou formalizar trabalhadores que desempenhavam atividades econômicas sem nenhum amparo legal ou segurança jurídica.  

Em 2023, o valor máximo anual de faturamento de uma MEI é de R$ 81 mil, porém existe a expectativa da votação de projeto de Lei que eleva este valor para R$ 130 mil anuais. 

Quando observamos as demais 8,78 milhões de empresas não caracterizadas como MEI, 88,9% são empresas de pequeno porte. A segmentação de empresas pelo porte pode ser feita através de diversos critérios, sendo um dos mais utilizados o do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Neste caso, uma empresa de pequeno porte fatura anualmente entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões. As de médio porte faturam entre R$ 4,8 milhões e R$ 300 milhões e as de grande porte acima de R$ 300 milhões. 

Assim sendo, os pequenos negócios e os empreendedores dão contornos ao mercado de trabalho no país. O Gráfico 4, baseado no cadastro de Empresas da Cognatis, construído a partir dos dados do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica da Receita Federal, mostra o retrato do mercado de empresas no Brasil em 2022 segundo seu tipo e porte. 

Distribuição de empresas

Observando o setor de atuação das empresas como um todo é possível verificar, se compararmos o mercado antes do início da Pandemia em 2019 e ao final desta em 2022, que houve um decréscimo no número de empresas voltadas ao comércio ao passo que ocorria um aumento significativo na quantidade de empresas de serviços, conforme o Gráfico 5. 

Participação dos setores

O recuo na quantidade de empresas de comércio prende-se ao fato do baixo desempenho do varejo e o consequente fechamento de lojas. Por outro lado, Serviços foi um setor de crescimento puxado por alguns segmentos específicos, tais como, Saúde e Alimentação fora do lar. 

De toda sorte, em 2022, Comércio e Serviços representaram 81,2% das empresas formalmente estabelecidas no país. 

 

Crescimentos diferentes conforme a região geográfica 

Segundo uma visão regional, o período da Pandemia significou crescimentos desiguais no número de empresas entre as regiões brasileiras, conforme mostra o Gráfico 6. 

Variação do numero total de empresas

É também interessante verificar que, sob a ótica do crescimento dos setores dentro de cada região geográfica, a dinâmica de variação antes e depois da Pandemia é bastante diferente, considerando-se a média de crescimento no país. 

Variação no crescimento de empresas

Muito embora, conforme visto no Gráfico 5, o setor Agro tenha uma participação relativamente pequena no total de empresas abertas no país, seu crescimento durante a Pandemia foi evidente segundo o gráfico acima, com o maior crescimento percentual verificado, especialmente na região Centro-Oeste e Norte.  

Já o setor de Serviços, como dissemos, foi destaque em todas as regiões e o de Comércio bem menos expressivo, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. A Construção Civil, por sua vez, aparece com forte crescimento na Região Centro-Oeste. 

 

A visão pelo lado do emprego 

É possível enxergar o mercado de negócios e, consequentemente, de trabalho, sob a ótica dos empregos, além do que foi visto pelo lado das empresas. 

No ano de 2022, o setor de Serviços foi aquele que mais empregou pessoas, com 56,7% do total de vagas de emprego, seguido pelo Comércio com 20,3% e pela Indústria com 16,1%. Serviços e Comércio respondem por 77% dos empregos formais no país, lembrando que estes mesmos dois setores totalizam 81,2% das empresas.  

Participação dos setores no número de vagas de emprego

Se observarmos a composição das vagas de trabalho ocupadas segundo o gênero é possível perceber que os homens são a  esmagadora maioria no setor da Construção Civil, com quase 90% dos postos, assim como o Agro com cerca de 80%. A Indústria ainda tem uma prevalência de homens trabalhando, mas é nos Serviços e no Comércio que os gêneros se equilibram mais, em especial no primeiro, quando então as mulheres superam os homens. 

Participação de trabalhadores por gênero

Sob o enfoque da natureza do posto de trabalho no ano de 2022, menos de 20% são de  

funcionários públicos. 

Natureza do posto de trabalho

Certamente que a comemoração do Dia Internacional do Trabalho em 1º de Maio tem valor histórico face às conquistas que representa, mas também deixa evidente a importância de se acompanhar o desempenho e a dinâmica do mercado de trabalho, especialmente nas interfaces com os negócios de cada empresa. 

Quando se pensa em consumo, em especial no Brasil, uma série de estudos aponta que, além de outros fatores, este é diretamente proporcional à confiança do consumidor, à renda média e à taxa de desocupação ou desemprego. Os dois últimos indicadores são fruto direto da dinâmica do mercado de trabalho, razão pela qual é fundamental que esta seja compreendida e que se possa incorporar elementos importantes e impactantes para a análise de negócios, especialmente aqueles voltados ao consumo.  

O Brasil, como se pode verificar, apresenta o comportamento destes indicadores extremamente variável ao longo do tempo, o que reforça a necessidade das empresas estarem atentas a como isso pode afetar seu desempenho. 

Conhecer qual a renda disponível em determinada região, cidade ou setor censitário, conhecer o número de pessoas que trabalha nesta área e qual a natureza de sua ocupação, identificar a composição de gênero ou mesmo o tipo de produto consumido são variáveis fundamentais para implementar estudos de expansão, de implantação de novos negócios, abertura de novas unidades, lançamento de produtos etc.  

Neste sentido, a Cognatis, com seus volumosos e valiosos bancos de dados demográficos e de empresas, bem como com sua expertise no conhecimento do mundo dos negócios e suas ferramentas desenvolvidas com base em Machine Learning e Inteligência Artificial é o parceiro ideal para apoiar a sua empresa a compreender as minúcias de cada mercado e assim poder tomar as decisões mais acertadas. Ajudar as empresas a crescer com segurança é o nosso objetivo. 

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