O mercado de produtos e serviços para a terceira idade no Brasil
A economia prateada, também conhecida como economia da longevidade, é aquela que envolve produtos e serviços destinados a suprir as necessidades e demandas da população idosa. Por idosos pode-se entender como sendo aquelas pessoas com mais de 60 anos, segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde.
No Brasil, o Estatuto do Idoso (Lei Federal 10.741) de 2003 também reproduz o mesmo entendimento, assim como cria uma prioridade maior, que são aquelas pessoas com mais de 80 anos.
Segundo um artigo publicado pela Georgetown Business Magazine da Universidade de Georgetown nos EUA, o mercado prateado global movimentou em 2020 cerca de US$15 trilhões, superando o PIB da China. Até 2030 o mundo deve atingir um total de 1 bilhão de idosos ou cerca de 14% da população Global.
Nosso país, com base nos dados de 2020, possui mais de 32 milhões de pessoas nesta situação, ou seja, algo como 14,3% do total da população brasileira. O mercado correspondente, que considera pessoas acima de 50 anos, é de R$ 1,7 trilhões segundo a Data8, consultoria focada neste público.
Estamos falando de uma população enorme, que só tende a crescer no Brasil e no mundo, e que contempla mercados de cifras altíssimas.
A distribuição da população idosa no país
No Brasil, a distribuição da população segundo a faixa etária indica que as regiões Sul (16,8%) e Sudeste (16,9%), são as que mais possuem público acima de 60 anos. A região Norte é aquela com a menor participação do público idoso no total da população.
Tabela 1 – Fonte: GEOPop® Home Demográfico 2020, com base nos dados do IBGE
Em termos do tamanho da população, a Tabela 2 (abaixo), mostra que as regiões sul e sudeste possuem juntas aproximadamente 52% da população do país, mas representam 62% dos idosos.
Tabela 2 – Fonte: GEOPop® Home Demográfico 2020, com base nos dados do IBGE
A menor esperança de vida das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, segundo o Gráfico 1 (abaixo), pode ajudar a explicar esta menor proporção de idosos na população dessas regiões.
Gráfico 1 – Fonte: IBGE, 2022
Sob a ótica do gênero, é possível verificar que a prevalência de mulheres em relação aos homens, verificada para cada região em relação ao total da população. Essa prevalência também se espelha quando observamos a faixa etária acima de 60 anos.
Tabela 3 – Fonte: GEOPop® Home Demográfico 2020, com base nos dados do IBGE
As regiões Sul e Sudeste novamente são destaques quando se verifica que são aquelas com mais mulheres idosas proporcionalmente e também em números absolutos.
Esta constatação, por si só, já possibilita verificar que regionalmente a oferta para o público idoso, e ainda mais segmentado por gênero, tende a ser diferente e obriga as empresas produtoras de bens ou serviços a estruturar seu portfólio a fim de rentabilizar sua performance comercial.
Considerando-se o país como um todo, 51,9% da população idosa é branca e 46,9% é preta ou parda. O restante distribui-se entre indígenas e amarelos. As mulheres brancas são a maior parcela dentre os idosos, conforme a tabela abaixo.
Tabela 4 – Fonte: GEOPop® Home Demográfico 2020, com base nos dados do IBGE
A população idosa chefiando domicílios
Em nossa base de dados, GEOPop®, que é construída a partir de dados do IBGE e de outras centenas de fontes públicas e privadas. Possuímos o módulo GEOpop® Home que categoriza os domicílios brasileiros segundo dados socioeconômicos e demográficos de seus moradores e a fase do ciclo de vida em que se encontram.
Para entender melhor o perfil dos domicílios em cada região, criamos segmentos baseados nessas características e dividimos em grandes grupos que vão desde DINKs (casais com dupla renda sem filhos). Àqueles que caracterizam os domicílios que são chefiados por pessoas com mais de 65 anos, portanto, se encaixam no perfil que forma a economia prateada.
São três os grupos, que constituem os domicílios com chefia prateada segundo a segmentação do GEOpop Home:
- Família Madura, chefiadas por casados com mais de 65 anos e filhos no domicílio.
- Empty Nest, chefiadas por casados com mais de 65 anos, sem filhos no domicílio.
- Viúvos, chefiados por pessoas sozinhas de mais de 65 anos, com ou sem filhos
Quando observamos este perfil segundo as Unidades da Federação pode-se verificar que a maior participação destes 3 grupos em relação à população total da UF, acontece na Paraíba com 18,1%, seguida por Piauí com 17,1%, Rio de Janeiro com 16,7% e Minas Gerais com 16,6%.
As menores participações são em Roraima com 7,7%, Amapá com 8,6%, Rondônia com 9,5% e Amazonas com 9,8%. Curiosamente estas menores participações são todas de Estados da Região Norte do país.
Participação dos domicílios chefiados por idosos em relação ao total de domicílios da UF
Gráfico 2 – Fonte: GEOPop® Home Ciclo, 2020, com base em dados do IBGE
Isso dá uma dimensão da importância dos idosos na chefia de boa parte dos domicílios espalhados pelos Estados Brasileiros, além de avaliar também, segundo esta ótica, a oferta de bens e serviços.
Para que se tenha uma dimensão da importância das famílias chefiadas por idosos no Brasil, apresentamos a participação desse grupo em cada região Brasileira. Da chamada Família Tradicional, que é aquela chefiada por casados, com idade entre 25 e 64 anos, com filhos, com apenas uma renda.
Participação dos domicílios chefiados por idosos x domicílios com famílias tradicionais
Gráfico 3 – Fonte: GEOPop® Home Ciclo, 2020, com base em dados do IBGE
As famílias chefiadas por idosos são tão representativas, numericamente falando, quanto as famílias tradicionais nas Regiões Sul, Sudeste e Nordeste e com participações menores nas Regiões Norte e Centro-Oeste. Este é, certamente, um reflexo do menor índice de participação da população de idosos nestas duas regiões em todo o país, conforme visto na Tabela 1 anteriormente.
A renda da população idosa
Os domicílios chefiados por idosos possuem renda significativa quando comparada a outras faixas etárias. Se considerarmos, segundo dados apurados pelo IBGE e trabalhados pela Cognatis em nossa base de dados GEOPop, apenas como referência, nos anos de 2012 e 2022, temos a seguinte situação em relação ao rendimento médio real per capita para os grupos etários 40 a 59 anos e acima de 60 anos, além do total Brasil:
Tabela 5- Fonte: GEOPop® Home Renda 2020, com base nos dados do IBGE
Logo, considerando somente os valores constatados, verificamos que em 2012 a faixa etária acima de 60 anos teve rendimentos 0,1% acima da faixa 40 a 59 anos e 24,1% acima do total do país.
Observando apenas o ano de 2022, constata-se que esta faixa prateada teve rendimentos 10,9% acima da faixa de 40 – 59 anos e 28,0% acima do total Brasil. Estes índices demonstram que a importância econômica em termos de renda das pessoas com idade acima de 60 anos é real e crescente ao longo do tempo.
O futuro da economia prateada
A economia que gira ao redor e depende das pessoas com idade acima de 60 anos tende a ser cada vez mais representativa. Portanto, merece a atenção de empresas de todos os segmentos, indústrias, prestadores de serviços e comércio.
Segundo as projeções do IBGE, a população com idade de 60 anos ou mais, que já representou 21,8% do total da população brasileira em 2010. Poderá atingir espantosos 66,2% em 2060, mantidos todos os parâmetros de crescimento populacional no país.
O gráfico abaixo indica a participação da população idosa até o ano de 2060, acompanhando a forte tendência ao envelhecimento no Brasil.
Gráfico 4 – Fonte: dados de projeção populacional do IBGE
Finalmente é importante avaliar a evolução da expectativa de vida do brasileiro, tanto de homens quanto de mulheres segundo as mesmas projeções populacionais do IBGE, conforme o gráfico abaixo:
Gráfico 5 – Fonte: dados de projeção populacional do IBGE
A expectativa é de que as pessoas vivam cada vez mais, tendendo a uma estabilização próxima a 80 anos para o total da população em 2050.
Homens e mulheres possuem esperanças de vida diferentes, sendo que elas tenderão a viver mais do que eles, o que já é uma realidade atualmente.
É de se imaginar o impacto em termos de saúde, cuidados e bem-estar que deverá acontecer ao longo do tempo daqui para a frente. E eventualmente, com eles, as mudanças desde políticas públicas de saúde, previdência, educação, dentre outras, até a recomposição do consumo de forma ampla.
De fato, uma sociedade brasileira que tende a viver mais já nos permite ter a dimensão das mudanças que desde já percebemos, mas que acontecem cada vez mais intensamente envolvendo o público idoso.
Cabe às empresas se estruturarem com base em dados e projeções bem calibradas de forma a antever seus movimentos para atender esta parcela da população relevante ano após ano. Inclusive considerando a ótica de gênero e de distribuição regional, além de outras especificidades que sejam expressivas para o negócio.
A Cognatis, com toda a sua expertise no mercado de consumo, pode apoiar a sua empresa a se preparar para o futuro, por sinal, cada vez mais ágil e prateado.