A atratividade dos Postos de Combustíveis para a localização do varejo antes e após a pandemia. Muito além do foco em veículos

 

Existem hoje no Brasil mais de 42 mil postos de combustíveis distribuídos por todo o território nacional. Ao longo dos anos, esses estabelecimentos passaram a oferecer produtos e serviços que vão além daqueles relacionados à veículos, se transformando em pequenos “marketplaces” onde coexistem farmácias, lojas de conveniência, lanchonetes dentre outros varejistas.

Com isso, muitos passaram a ser importantes geradores de fluxo nas regiões em que se localizam, atraindo assim outras atividades de venda de produtos e serviços, em busca de capturar a demanda gerada por esse fluxo constante e não obrigatoriamente relacionado a veículos. Os postos de combustível passaram a ser uma opção interessante para as áreas de expansão do varejo na busca de novos espaços para localizar seus pontos de venda.

Durante a Pandemia, tal qual outros tantos serviços dependentes da presença física do consumidor, os postos de combustível foram também impactados, assim como as atividades que dividem com eles o mesmo espaço.

Interessada nesta questão, a Cognatis realizou um estudo para identificar o comportamento das atividades que gravitam ao redor dos postos de combustível.

O estudo priorizou dois momentos distintos, 2019, antes da Pandemia e 2022, período de acomodação econômica pós pandêmica. Além disso, procurou-se ainda identificar as diferenças entre os postos de combustível localizados ao longo de estradas e aqueles situados no ambiente urbano. Foram considerados os totais de postos em todo o território brasileiro.

A base de análise foram os dados obtidos através do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas da Receita Federal. Foram consideradas todas as atividades econômicas localizadas no perímetro dos lotes dos postos urbanos e aquelas contidas dentro de um raio de 100 m ao redor de postos localizados em estradas.

A primeira constatação interessante é que enquanto o varejo presente em torno de postos rodoviários apresentou uma pequena queda de 3,7% em 2022 em relação ao período anterior à pandemia, nos postos de combustível urbanos o movimento foi oposto, apresentando um crescimento de 13,1% no número de estabelecimentos comerciais.

 

Provavelmente, a redução no número de viagens intermunicipais das famílias durante a Pandemia, atestada pelos dados da PNAD do IBGE, conforme gráfico abaixo, impactou algumas atividades resultando na redução. No ambiente urbano os períodos de lockdown e home office podem ter gerado uma mudança no comportamento, levando as pessoas a se abastecerem mais próximas de casa, privilegiando a conveniência que estas localizações permitem.

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – IBGE

 

Os postos de combustível localizados em estradas 

As atividades comerciais ligadas ao varejo e que coexistem no mesmo espaço físico do posto de combustível em estradas apresentaram pequena redução no número total de estabelecimentos (3,7%). Entretanto, os estabelecimentos comerciais mais ligados à circulação de pessoas foram os que mais sofreram redução. No varejo alimentar tipificado em minimercados e mercearias verifica-se uma redução 12% no número de pontos de venda, assim como os bares, restaurantes e lanchonetes que reduziram em 15% o total de lojas nestas localizações. Dentre todos os estabelecimentos que dividem espaço com os postos de estradas, os hotéis e motéis foram os que mais reduziram em número, encolhendo 19% em relação a 2019.

Por outro lado, houve um crescimento de outras atividades cujo sucesso não depende do volume de pessoas viajando, como as Imobiliárias que cresceram 23%, o varejo de vestuários e calçados 11% e as lojas de conveniências 12%. As atividades ligadas ao transporte de carga também apresentaram crescimento de 4% no período.

 

Os postos de combustível urbanos 

Quando a análise é feita nos postos urbanos a situação é bastante diferente. É notória a crescente   atratividade dos postos de combustível para a localização de estabelecimentos comerciais, não necessariamente ligados a automóveis, mas interessados em capitalizar em torno do fluxo constante de pessoas que passam por eles.  Os estabelecimentos mais comuns dentro do espaço dos postos urbanos, continuam sendo os bares, lanchonetes e restaurantes em primeiro lugar e as lojas de conveniência em segundo, sendo que a presença dos primeiros reduziu 1% e a dos segundos cresceu 17% em relação ao número de unidades em 2019.

Outra observação é que alguns estabelecimentos que antes não eram tão frequentes em postos de combustíveis passaram a ter maior presença. O maior crescimento foi de imobiliárias com 71%, seguido de serviços de escritório e apoio administrativo com 70%. O comércio varejista de bebidas cresceu 37% mas figura em 13º lugar no ranking.

Outro tipo de varejo que foi beneficiado no período foi o farmacêutico, já que o número destas lojas subiu 15% nos postos de cidades, acompanhando o vigor generalizado do segmento neste período.

Assim como verificado junto aos postos de estradas, o varejo de peças e acessórios para veículos foi prejudicado pela diminuição da circulação de veículos, reduzindo em 23% sua presença na área de postos, sendo também o único tipo de estabelecimento do ranking que apresentou redução.

 

 

Definitivamente, no ambiente urbano, os postos de combustível assumem sua posição privilegiada como local para a instalação de outras atividades comerciais que se apoiam no fluxo de veículos e pedestres e na proximidade de vizinhança.

Já no âmbito dos postos que se localizam ao longo de estradas, o que se verifica é a utilização destes como hub de distribuição logística de carga e abastecimento, aportando em especial transportadoras tanto de longo como de médio alcance.

 

O reforço do novo papel do posto 

Em processo de modificação e adequação à nova realidade que se redesenha após a Pandemia, os postos de combustível utilizam seu potencial como gerador de fluxo e em alguns casos qualificado, e acabam por agregar mais e mais outras atividades econômicas.

Postos mais centrais ou então localizados em áreas de forte adensamento habitacional ou comercial passam a receber cada vez mais atenção e começam a ver disputas pelo uso e ocupação do solo que vão além daqueles inicialmente voltados exclusivamente ao atendimento de veículos. Este crescimento se prende tanto ao custo da terra, como à proximidade de pessoas que demandam produtos e serviços.

Em suma, os postos de combustíveis passam a ocupar lugar de destaque, sejam como suporte à estrutura logística, sejam como apoio ao varejo e serviços de vizinhança. Um desafio colocado à mesa na discussão do redesenho dos espaços que abrigam esta atividade econômica. É preciso enxergar com profundidade e atenção estes espaços, tanto os urbanos quanto aqueles ao longo de rodovias, para compreender a dinâmica de composição das atividades gravitacionais na oferta de uma gama cada vez maior de produtos e serviços.

A Cognatis tem profundo conhecimento do setor de postos de combustível, bem como das principais atividades comerciais que gravitam ao seu redor e pode apoiar empresas em diversas tomadas de decisão que envolvem este Universo tão dinâmico, crescente e cada vez mais disputado dentro do cenário econômico nacional.

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