A indústria automobilística desempenha um importante papel na economia brasileira. Além de ser responsável indiretamente por 22% do PIB nacional, garante também o faturamento de diversos setores (combustível, borracha, produção de ferro, autopeças) do mercado. Não à toa, o Automóvel ganhou um dia de celebração só para ele no país: 13 de maio.
Mas, apesar da sua grande importância, nos últimos anos, a produção nacional vem apresentando um desenvolvimento menor, afetando todos os segmentos (veículos, caminhões e ônibus). Estudo que realizamos recentemente mostra que, depois de um crescimento de 5%, em 2018, e 2%, em 2019, foi em 2020, durante a pandemia do COVID-19, que houve uma retração histórica de aproximadamente 31,6% na produção. Os segmentos mais afetados foram o de automóveis e o de ônibus. Já a fabricação de caminhões e comerciais leves teve uma retração um pouco menor, de 20% e 16%, respectivamente.
Apesar de lenta, a produção de autoveículos mostrou, no último ano, uma recuperação: em 2021, cresceu 11% em relação a 2020. Entretanto, não apresentou um desempenho igual em todos os segmentos. Na produção de automóveis, a retomada foi de apenas 6%, e de ônibus, 2%. A boa notícia é que a recuperação na produção de comerciais leves e caminhões foi de 22% e 75%, respectivamente, ficando a de caminhões acima dos valores de 2019, anterior à pandemia.
No entanto, no primeiro trimestre de 2022, voltou a apresentar uma redução de 17% em comparação com o mesmo período de 2021. O segmento que teve maior redução na produção foi o de comerciais leves, com uma diminuição de 20%, seguido pelo de automóveis, que reduziu 18%. A produção de caminhões, por sua vez, mostrou melhora de 4% e a de ônibus, 10%.
Geração de empregos
A indústria de automóveis representa papel fundamental também na geração de empregos. E essa participação vem reduzindo nos últimos anos, motivada, em grande parte, pela pandemia do Covid-19 e crescente automação.
Hoje, são gerados pouco mais de 101 mil empregos neste setor, o que corresponde a 10 mil vagas a menos do que a indústria automobilística empregava em janeiro de 2019.
Alta de preços
A queda na produção de automóveis levou a uma inédita escassez de veículos, que pode ser observada no mundo todo. Atualmente, é preciso colocar nome em listas de espera e aguardar por meses para receber o tão desejado carro novo. Como consequência, o preço dos carros – novos e usados – deu um salto sem precedentes. Segundo a Fipe, em três anos, os valores dos veículos subiram mais de 31%, em média, um número bem acima da inflação do período.
De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o sistema global de produção de automóveis ainda não está equilibrado. Então, 2022 será um ano melhor nesse setor, mas ainda desafiante.