Onde se concentram os estrangeiros residentes no Brasil? E quanto aos imigrantes domésticos residentes em São Paulo e Rio de Janeiro? Onde estão as famílias que possuem membros vivendo fora do país? Este novo post da série “Bairros Brasileiros” traz a relação de bairros com maior participação de estrangeiros e imigrantes domésticos no país.
Um pais feito de migrantes
As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, a exemplo de outras grandes metrópoles brasileiras, foram formadas pela mistura entre a população local, estrangeiros e migrantes vindos de regiões distantes do Brasil, em busca de oportunidades e acolhimento. No caso paulistano, como se sabe, foram importantes os fluxos de imigrantes italianos, japoneses, e libaneses, recebidos em diversos momentos até meados do século XX. Imigrantes alemães e italianos influenciaram fortemente, também, a composição populacional de diversas cidades da região sul do país. Na última metade do século passado, porém, a piora relativa da economia brasileira, associada à melhoria em muitos dos países de origem destes imigrantes fizeram com que tais fluxos praticamente cessassem. Neste período, nossas metrópoles foram transformadas pela chegada de imigrantes domésticos, oriundos primordialmente, no caso de São Paulo e do Rio de Janeiro, de estados do nordeste. No século atual, o Brasil voltou a ser um destino atraente para imigrantes internacionais, porém desta vez oriundos de países sul americanos, como Bolívia e Peru, e em parte, da Coreia e China.
Redutos urbanos de estrangeiros
Mas onde estão concentrados nossos estrangeiros – antigos ou novos – e migrantes inter-regionais? Para responder isso, a Cognatis publica com exclusividade o ranking de “redutos estrangeiros” no país.
Ok, talvez não seja grande surpresa que os bairros com maior participação de chefes de família nascidos fora do Brasil são os bairros da região do Bom Retiro, em São Paulo. Mas os números impressionam. Nesta região, estima-se que quase 15 por cento dos domicílios são chefiados por estrangeiros. Em quinto lugar aparecem alguns bairros de Foz do Iguaçu, que, naturalmente, por ser região fronteiriça, recebe continuamente residentes estrangeiros.
E onde estão as famílias cujos filhos estão fora do Brasil?
Se há, por um lado, redutos de estrangeiros em nossas maiores cidades, há por outro lado regiões em que o comum é “enviar” filhos para fora do país, em busca de oportunidades e recebimento de remessas financeiras. Esta estratégia foi frequente em certas regiões do país durante as últimas décadas do século XX, mas vem perdendo força nos últimos anos diante da piora relativa das economias europeias e norte-americana, principais destinos destes emigrantes. O ranking abaixo mostra onde estão os bairros com maior participação de famílias com pelo menos um membro vivendo fora do país.
Novamente sem surpresas- Governador Valadares é famosa pela importância como origem de emigrantes brasileiros para os EUA e Europa. Nos bairros em que esta estratégia foi mais comum, o percentual de famílias com filhos ou parentes vivendo fora do país chega a 13%.
Nordestinos, Paulistas e Cariocas
Se é interessante analisar onde estão as maiores concentrações de imigrantes e emigrantes internacionais, é igualmente rico identificar os redutos formados por imigrantes inter-regionais, oriundos mais comumente das regiões menos favorecidas do país. Olhando apenas São Paulo e Rio de Janeiro por enquanto, classificamos os bairros com maior participação de chefes de família nascidos fora da cidade. Publicamos nas mesmas tabelas as principais origens, com destaque para o Nordeste (principal origem nacional) e do próprio Sudeste. É surpreendente perceber que há bairros nestas cidades em que a maioria dos chefes domiciliares são migrantes (mais de 50%). São verdadeiros redutos regionais e símbolos do caráter cosmopolita destas metrópoles. Abaixo seguem os dois rankings (São Paulo e Rio de Janeiro).